quinta-feira, 28 de maio de 2015

Revisitando a Matrix parte I

Ontem por algum desígnio do destino finalmente abri a embalagem da trilogia Matrix que comprei lá trás em 2012. Fazia 3 anos que essa belezura, que comprei baratinho em uma viagem, estava intocada na minha estante.

The Matrix foi um filme que me marcou, tanto que foi o tema do meu trabalho de conclusão em psicologia há mais de 10 anos, no mesmo ano que as continuações aterrizavam nos cinemas. o que eu não imaginava é que tanto tempo depois ainda sentiria coceira na mão para falar do filme, mesmo depois de ter dedicado muito esforço e energia a ele.

A verdade é que o tempo é o fator mais importante da longevidade de um filme. quantos sucessos da sua época sobreviveram e quantos foram esquecidos?

Muitos não gostam da trilogia e acham que somente o primeiro filme é digno de nota. Eu discordo porque gosto muito dos outros filmes, apesar de reconhecer seus problemas. Por isso essa é a parte 1. Assim que conseguir rever os outros 2 devo também escrever sobre eles.

Mas fazia muito tempo que não escrevia aqui ou dava atenção a este blog. Só mesmo "The Matrix" para fazer minha mão coçar novamente. Sem mais delongas, vamos ao filme...

Revisitando a Matrix

A primeira impressão após rever o filme depois de tanto tempo e considerando o momento que estou escrevendo este texto, quando filmes como Vingadores são as maiores bilheterias do mundo, fica claro que estou olhando para a gênese dos filmes modernos de heróis. Marvel e companhia não estariam nas telas hoje se a turma de Neo não tivesse cimentado as bases de tramas fantásticas, lutas mirabolantes e efeitos estupendos.

E não se engane, essa é uma história de super heróis. E não é uma opinião minha mas um fato que pode ser facilmente constado olhando com cuidado os extras do filme. Dos cometários jocosos de Keannu Reeves (o único que sacou a ideia) até os artistas de produção, famosos ilustradores de quadrinhos. Ao contrário de hoje que os estúdios correm atrás como loucos atrás de propriedades originadas em quadrinhos, naquela época para fazer um filme de supers tinha que ser quase escondido.

O filme também tem uma conexão quase espiritual com o primeiro Star Wars. Como George Lucas fez antes, os irmãos pegaram tudo aquilo que gostavam, filosofia, filmes de kung fu, quadrinhos, e jogaram no liquidificador. E assim como "a nova esperança" foi concebido como um recorte de um universo maior, que poderia ou não ser explorado depois.

Além disso é o único que funciona sozinho e independente do resto. É por isso que inegável que este é o melhor de todos devido a sua estrutura enxuta e direção impecável. Reoloaded tem um lugar especial no meu coração, mas este é inegavelmente o único irretocável da trilogia.

Keannu Reaves já foi chamado de o pior ator do mundo mas é inegável a sua capacidade de aos poucos se transformar aos poucos de um pessoa absolutamente comum no escolhido salvador sem nunca parecer caricato e exagerado. Aditivos que acabam sobrando para Lawrence Fishburne e Hugo Weaving. Estes que eram as personalidades imperativas na época do seu lançamento acabaram meio que virando personagens um pouco datados.

Nos tempos de hoje em que a internet enlouquece com discussões sobre o feminismo supostamente inserido em Mad Max: Fury Road é curioso enxergar como Carrie Anne Moss já entregava uma heroína forte, que não precisava ser socorrida como uma donzela em perigo. Sei que muitas feministas vão dizer que ela é somente um heroi masculino de gênero invertido. Mas acredito que é uma crítica pobre. Se prestarmos atenção ela é desd o primeiro filme a rocha de sustentação do "escolhido".

Ainda que boa parte dos efeitos revolucionário que marcaram a época estejam datados a maioria ainda funciona muito bem, já que muitos são efeitos práticos. O que não resistiu ao tempo é a sensação de estupefato causada na época.

Aqueles que hoje criticam o diretor Christopher Nolan por ser "explicacionista" deveriam assistir novamente este filme. Até a metade somos, assim como Neo, introduzidos ao universo do filme detalhe por detalhe, de forma extremamente didática. E embora uma explicação ou outra possa passar da plateia mais distraída em um primeiro momento, está tudo lá. Claro que os diretores são espertos o suficiente para deixar uma coisa ou outra sem explicação. Mas de uma forma geral tudo é muito bem explicadinho.

Outro ponto positivo é a sutileza das matrizes de cor verde e azulada que diferenciam respectivamente o mundo da Matrix do mundo real. Diferença que fica rudemente escancarada nas sequências.

Infelizmente alguns dos temas trazidos pelo Wachoski perderam a força e a relevância. A idéia de lutar contra o sistema expor suas verdades, ao som de rage agaist the machine, parece não ser mais um reflexo da juventude, hoje muito mais acomodadas as ideias deste sistema. A ideia do anarquista/terrorista romântico, que dizem ter sido copiadas da HQ "os invisíveis" de Grant Morrison (que por sua vez copiou de Alam moore), perderam sua força em um mundo em que ataques terroristas se tornaram um terror real.

Pena esta ser a obra prima destes irmão diretores. Nunca mais ele conseguiram repetir o equilíbrio entre suas ideias arrojadas e uma narrativa elegante e polida. O filme rendeu a eles um crédito quase ilimitado a Warner Brother mas que parece ter se esgotado frente aos fracassos que seguiram a morna recepção as sequencias. |Resta saber se vão recuperar o fôlego com a série do Netflix, Sense8.